segunda-feira, agosto 21, 2006

Proporções
Desce o pano negro.


Hoje de manhã eu pensava que a semana ia ser chata porque não iria vê-la. Estava pensando no friozinho que dificulta a vontade de fazer as coisas mais tranquilas, que dirá das correrias da semana. Estava pensando que tinha de arrumar o quarto, fazer exercícios, resolver coisas da empresa, ir a aula. Hoje de manhã parece ser anos atras. Mais uma vez.

Dois baques no mesmo mês. Duas despedidas. Duas porradas na cara. E como toda porrada na cara, o mundo fica distante, o som só chega em mono, o fundo fica borrado e as coisas acontecem devagar. Fica tudo concentrado em um ponto. E os problemas da manha, do dia anterior, da semana que esta por vim, parecem pequenos e distantes.

Para morrer, basta estar vivo. Duro e sem lubrificante. As frases que meu pai gostou de usar para me ensinar a vida sempre foram assim. Lembro da porta de vidro se desfazendo na minha frente e que antes mesmo de todos os cacos encontrarem o chão, o meu pulso já estava com um corte profundo aberto. Lembro de pensar que era mais dificil cortar um pão do que o vidro cortar o meu braço. Manteiga.

Fica aquele nó seco, do que não foi dito, das coisas combinadas e da imensidão vasta, que tomava o meu mundo conhecido, essas duas pessoas fantásticas. A ficha ainda não caiu. Encontrar as palavras para um sentimento que se mostrou apenas com uma ponta não foi possivel. Mas ele virá, forte, quando menos esperar. Farão falta. Não só para mim, mas para o mundo que era um lugar menos pior com eles aqui.

Ainda bem que a vida nos proporcionou a possibilidade de continuar a conhecer pessoas incríveis e sempre dispostas a dar apoio. Obrigado. Sempre.



another one bites the dust...