<-- Revolution : Matrix -->
Real World
Quando eu morrer, levarei comigo todos vocês.
Todos os pensamentos, todas as memórias,
todos os sorrisos, todos os suspiros, os choros,
todos ficaram quardados comigo, da forma como
eu os vi.
O jeito que eu encarava cada um, o "cada um de vocês"
que era apenas a forma que eu os percebia, morre comigo.
O amor que nutri por você, o amor que eu tanto gostei,
que eu tanto dependi, esse amor é meu, e nem na morte
pode me ser roubado.
Um pouco de cada um de vocês morre comigo.
Se o mundo que eu vejo se esvai com minha vida,
o que é o real?
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Dia da Páscoa
Reparei em um pequeno aglomerado de formigas no chão.
A cada segundo que se passava, mais e mais delas chegavam.
Me aproximei e vi que uma pequena formiga jazia, completamente
imóvel no chão. De repente, a pequena formiga levantou.
Pegou uma batata que uma companheira carregava, e,
apenas olhando para a batata, a fez torcer de um lado para o outro.
WOW!
sábado, março 22, 2003
terça-feira, março 18, 2003
Pta (Paul Thomas Anderson)
ou 55c
Carlos anda pela rua. O suor escorre em seu jovem rosto.
As mãos, ainda trêmulas, seguram uma grande mochila, que fica
à suas costas. Sua vida, finalmente mudara. Finalmente tinha
feito algo a respeito de todas aquelas afrontas. De todas
aquelas amolações. Deixara seus pais dormindo e ao
lado deles, no criado mudo, uma carta se explicando.
Fugira, e não pretendia mais voltar. Olhou para a avenida ao
seu lado e fez sinal para o ônibus que passava, era o 55c,
e o levaria para longe dali.
Descendo do ônibus estava uma pequena senhora carregando
uma grande sacola com todas as coisas que se encontrariam
numa feira. Ela esbarra de leve no rapaz que subia no ônibus e,
timidamente, pede desculpas. Chamava-se Clara. Anos antes
a mesma jovialidade que via no rapaz do ônibus, sentia em seu
corpo. Fora uma mulher bonita, mas já não mais se lembrava
de como era ser cortejada. Deixa a sacola encostada em um poste
enquanto tira o suor da testa. Ao olhar de novo para baixo, a
sacola não estava mais lá. Dois moleques haviam pegado e corriam
em disparada, ladeira a baixo.
Num apartamento, no prédio a frente de Clara, um casal, com
apenas 15 anos, choravam descompassadamente, enquanto se
abraçavam. Mal era notada a barriga da menina, mas por debaixo
de panos, pele e sangue, crescia uma nova vida em seu ventre.
Ela, entre soluços, pergunta: "Mas como chegarei no Hospital?
Preciso dos meus pais para me levar...". "Seus pais? Não. Pega
um ônibus. Acho que era o 55c, ele te deixa no hospital". O rosto
da menina se contorceu, mas ela sabia que era a única saída, e
devia aceitá-la.
O ônibus virava sua primeira esquina, seguira reto por toda avenida.
No ponto, Marcelo fazia sinal. Subiu a pequena escada, cumprimentou
o motorista e olhou para o fundo do ônibus. Vestia uma camisa branca,
bonita e simples, com os dois botões de cima abertos. Os cabelos, lisos
e negros, escorriam até o ombro e os olhos, de um negro profundo, faiscavam.
Andou pelo corredor, como que farejando, olhando a todos nos olhos.
Encontrou, num dos últimos bancos do ônibus, uma menina tímida,
pequena, que roubou seu olhar por dois segundos e depois o desviou.
Sentou-se a seu lado. Por alguns momentos, pareceu-lhe que não falaria
nada. Era tímida demais. Mas não pode resistir o chamado da caça. Trocaram
algumas palavras, alguns comentários banais. Chama-se Tatiana, que
rapidamente se tornou Taty para seus lábios. Alguns elogios, rasgados,
mas a menina parecia irrefutável, não se entregou. Levantou, e parecendo
meio sentida, desceu.
Taty estava cansada, talvez pior, acabada. Não aguentava mais ser vista
como era, ou fraca demais, ou ingênua demais, ou, para alguns, apenas
um pedaço de carne com curvas, formas. Sempre se aproveitavam dela,
da sua inocência. Subiu pela rua em que morava. Parou de frente a sua
casa. Puxou a bolsa de lado, e começou a revira-la em busca da chave.
A porta logo se abriu. Andou pela casa, deixando cair a bolsa no sofá.
Foi até o banheiro. Deixou a água escorrer do chuveiro e ir caindo, lenta,
dentro da banheira. Foi até a cozinha, se lembrou do seu pai, o primeiro
homem de sua vida e da vida de sua irmã, que há tanto tempo a abandonou
neste mundo de mágoas e tristezas. Pegou um pão, passou-lhe manteiga.
Colocou debaixo do braço a torradeira e andou de volta ao banheiro.
Ligou a torradeira e colocou o pão dentro. Tirou o sapato e entrou na banheira
cheia. Precisava sentir, nem que fosse apenas por uma vez, a energia
correr em seu corpo.
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Dia 29 de junho ( Dia de São Pedro)
O céu escureceu. As pessoas começaram a se proteger da chuva.
Logo as primeiras gotas se percebeu, choviam formigas.
ou 55c
Carlos anda pela rua. O suor escorre em seu jovem rosto.
As mãos, ainda trêmulas, seguram uma grande mochila, que fica
à suas costas. Sua vida, finalmente mudara. Finalmente tinha
feito algo a respeito de todas aquelas afrontas. De todas
aquelas amolações. Deixara seus pais dormindo e ao
lado deles, no criado mudo, uma carta se explicando.
Fugira, e não pretendia mais voltar. Olhou para a avenida ao
seu lado e fez sinal para o ônibus que passava, era o 55c,
e o levaria para longe dali.
Descendo do ônibus estava uma pequena senhora carregando
uma grande sacola com todas as coisas que se encontrariam
numa feira. Ela esbarra de leve no rapaz que subia no ônibus e,
timidamente, pede desculpas. Chamava-se Clara. Anos antes
a mesma jovialidade que via no rapaz do ônibus, sentia em seu
corpo. Fora uma mulher bonita, mas já não mais se lembrava
de como era ser cortejada. Deixa a sacola encostada em um poste
enquanto tira o suor da testa. Ao olhar de novo para baixo, a
sacola não estava mais lá. Dois moleques haviam pegado e corriam
em disparada, ladeira a baixo.
Num apartamento, no prédio a frente de Clara, um casal, com
apenas 15 anos, choravam descompassadamente, enquanto se
abraçavam. Mal era notada a barriga da menina, mas por debaixo
de panos, pele e sangue, crescia uma nova vida em seu ventre.
Ela, entre soluços, pergunta: "Mas como chegarei no Hospital?
Preciso dos meus pais para me levar...". "Seus pais? Não. Pega
um ônibus. Acho que era o 55c, ele te deixa no hospital". O rosto
da menina se contorceu, mas ela sabia que era a única saída, e
devia aceitá-la.
O ônibus virava sua primeira esquina, seguira reto por toda avenida.
No ponto, Marcelo fazia sinal. Subiu a pequena escada, cumprimentou
o motorista e olhou para o fundo do ônibus. Vestia uma camisa branca,
bonita e simples, com os dois botões de cima abertos. Os cabelos, lisos
e negros, escorriam até o ombro e os olhos, de um negro profundo, faiscavam.
Andou pelo corredor, como que farejando, olhando a todos nos olhos.
Encontrou, num dos últimos bancos do ônibus, uma menina tímida,
pequena, que roubou seu olhar por dois segundos e depois o desviou.
Sentou-se a seu lado. Por alguns momentos, pareceu-lhe que não falaria
nada. Era tímida demais. Mas não pode resistir o chamado da caça. Trocaram
algumas palavras, alguns comentários banais. Chama-se Tatiana, que
rapidamente se tornou Taty para seus lábios. Alguns elogios, rasgados,
mas a menina parecia irrefutável, não se entregou. Levantou, e parecendo
meio sentida, desceu.
Taty estava cansada, talvez pior, acabada. Não aguentava mais ser vista
como era, ou fraca demais, ou ingênua demais, ou, para alguns, apenas
um pedaço de carne com curvas, formas. Sempre se aproveitavam dela,
da sua inocência. Subiu pela rua em que morava. Parou de frente a sua
casa. Puxou a bolsa de lado, e começou a revira-la em busca da chave.
A porta logo se abriu. Andou pela casa, deixando cair a bolsa no sofá.
Foi até o banheiro. Deixou a água escorrer do chuveiro e ir caindo, lenta,
dentro da banheira. Foi até a cozinha, se lembrou do seu pai, o primeiro
homem de sua vida e da vida de sua irmã, que há tanto tempo a abandonou
neste mundo de mágoas e tristezas. Pegou um pão, passou-lhe manteiga.
Colocou debaixo do braço a torradeira e andou de volta ao banheiro.
Ligou a torradeira e colocou o pão dentro. Tirou o sapato e entrou na banheira
cheia. Precisava sentir, nem que fosse apenas por uma vez, a energia
correr em seu corpo.
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Dia 29 de junho ( Dia de São Pedro)
O céu escureceu. As pessoas começaram a se proteger da chuva.
Logo as primeiras gotas se percebeu, choviam formigas.
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