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ou Duuuh!
Cara! Eu sou chato.
Não sei como vocês me aguentam...
Eu me acho pra caralho:
"Sou mais inteligente, mais atlético e,
além disso, boa pinta", amolo todo
mundo, quase nunca tenho
algo de novo pra dizer e odeio as
pessoas.
Odeio o jeito em que elas interagem.
Odeio os xavequinhos, as manhinhas,
as chatisses, as choradeiras, as "tentativas"
de ser compreensivo, as amizades,
a necessidade de se enturmar, mesmo
quando não se tem nada a ver.
Não aguento as preocupaçõezinhas mundanas,
mesquinhas de cada um. Toda aquela coisa
de discutir, de se maravilhar, ou se entristesser
com as coisas do mundo, mas nunca fazer
algo, ou, quando se tem a iniciativa, nunca ir
além do mínimo, nunca se superar.
Pra mim isso é especialmente triste.
Eu costumava amar as pessoas. Eram as
pequenas coisas, os jeito como se arrumavam,
como levavam a mochila, como liam um livro,
como explicitavam um contrato, como tomavam
folego entre uma braçada e outra, como riam
e como choravam. Cada pessoa tinha uma coisa
interessante pra me mostrar, uma história pra
me contar, um mundinho próprio e perfeito.
Queria isso de volta.
Queria que cada amigo meu me mostrasse o seu
melhor. Queria que cada personagem que eu
crio me contasse a sua histária. Queria tirar meu
nariz da próximidade desse cheiro que me
náusea e esquecer que ele existe,
dar um zoom out de tudo, voltar a assistir.
Queria sonhar de novo com pessoas que podem
ser melhores, que se sobressaem.
Queria voltar a ter 10 anos e ter um mundo de
possibilidades a minha frente.