quarta-feira, agosto 03, 2005

Ode to my Neurosis I
editado

Sei que normalmente meus posts fedem, são chatos, reflexivos e cheios de referencias a cultura pop. Esse não vai ser diferente e provavelmente uns dois, ou três outros que vão completar a minha série de auto-explicação sem motivo.

Eu devo dizer também que nada que eu escreva aqui é direcionado a qualquer pessoa, a não ser que esteja bem declarado que é sobre essa pessoa, porque estes posts não são sobre qualquer pessoa, a não ser eu mesmo. Bem narcisista assim mesmo. Bom, vamos lá então...


If you're my Rapunzel



For you I would crawl
Through the darkest dungeon
Climb a castle wall
If you're my Rapunzel
You let your hair down
Right in through your window
Good, they locked the door
'Cause I do my best for you


Eu acabei de ler Harry Potter 6(**Cuidado Cuidado! Vai ter spoiller do livro neste post, infelizmente**). Sim sim, eu sei que não é a melhor literatura do mundo. Mas eu gosto e me divirto lendo. Pra mim os livros funcionam muito bem porque eu me perco nos personagens. Eu gosto de alguns, me identifico com outros e destrincho os que sobram. Muitas vezes passo por pedaços chato dos livros, me prendendo apenas aos personagens que eu gosto(isso em qualquer livro). Acho que é por isso que eu gosto de escrever, porque eu crio os personagens e deixo eles me levarem por suas histórias.

O que eu mais gostei deste livro novo do HP foram as interelações e a maneira como as pessoas aceitaram as suas partes na trama e deram um passo além. Mas o que no final me deixou contente mesmo (sim eu sou uma menininha) foi ver o Harry e a Ginny juntos. Era algo legal de se esperar acontecer, foi legal como as coisas se desenrolaram e ver como aquela relação se seguiu da maneira perfeita e ideal, sem nenhum dos dois terem crisesinhas de ciúme ou ficar de saco cheio de passar muito tempo junto um com outro, ou muito tempo longe um do outro.

E ainda assim isso conseguiu me deixar triste. Veja que eu costumo tirar muito das minhas verdades e conhecimento dos livros, músicas e filmes. Costumo dizer que eles são os meus pensadores, por isso que uso tanta citações nos meus posts. Sou como aqueles filosofos chatos que ficam citando o trabalho de outros, para provar o que queriam dizer, só que comigo eu tiro da cultura pop. Então é normal um livro me deixar triste com algo da minha vida, mesmo que num livro infanto-juvenil. Desta vez foi quando eu percebi que esse tipo de relação não vai mais me acontecer nunca. Aquele amor imaculado. Depois de algum tempo vivendo você acaba por perceber que essa não é bem a forma como as coisas acontecem. Não acho que seja por qualquer motivo freudiano, Junguiano ou qualquer coisa assim. Acho que [e algo mais da vivência e das contantes mudanças que passam pela vida de todas as pessoas.

Quando eu era bem pirralho, coisa dos sete até os nove, quando meu pai não me lia os argonautas (ou qualquer outra coisa de mitologia grega, nórdica ou romanda) antes de dormir eu inventava minhas próprias bedtime stories. Normalmente elas tinham eu mesmo como personagem principal e mais uma série de amigos, asseclas e outros em aventuras no estilo Indiana Jones. Entre essas pessoas, existia uma menina, obviamente inventada, chamada Pricila. Ela era muito bonitinha, um pouquinho gordinha, mas bem pouco mesmo, morena e com sardinhas. Muito inteligente e esperta, mas sem nunca tirar o brilho das grandes sacadas da minha pessoa, hehe. Ficava aquela coisa em todas as histórias da gente quase se beijando, quase namorando, mas nunca acontecendo ( isso que eu que inventava as histórias, ... mazoquista mesmo hehe). Era aquela situação idelizada para sempre. E assim foi a maior parte do tempo na minha vida. Sempre idealizando.

Passei grande parte da minha vida sendo aquele nerd bobo, que na verdade não acredita que tenha chance com nenhuma pessoa mesmo e dizendo pra mim mesmo que quando dominasse o mundo e o universo, todos iriam ver Bwahahahaha! Tá certo, não era bem assim, mas vocês me conhecem e pegaram a idéia das coisas. Mas voltando ao assunto, sempre tive amores platônicos. Por exemplo, passei quatro anos, da primeira à quarta série, gostando da mesma menina. Passei a quinta série meio perdido quanto ao assunto, um mundo novo, podendendo gostar de qualquer menina, não sabia muito bem como isso funcionava. E comecei a gostar de uma outra menina durante a sexta e sétima séries. O negocio não era muito conquistar a pessoa, mas gostar dela mesmo e sonhar. Mas o ponto é que esta coisa de amores platônicos não morreu até eu ter tido a minha primeira namorada. Quando terminamos, muito daquela musa inalcançável do mal do século morreu comigo. Pensei na época que estava vacinado e que jamais voltaria a namorar. Ai ai. Hoje, três namoros depois do primeiro, eu sei que será muito difícil não voltar a namorar de novo algum dia.

O grande problema é que viver com alguém que beira a disturbios de multiplas personalidades, é que eu tendo a variar incrivelmente os pontos de vista e ações. Eu faço a pessoa que estiver junto comigo se acostumar com a ultra convivência. Aquela coisa de se falar, se ligar o tempo todo e se ver todos os dias. E, pouco tempo depois, enjoou disto e não quero mais. Faço o meu melhor pra alegrar uma pessoa e duas semanas depois quero me isolar no meu mundo, me fechar em livros ou em jogos. Disse duas coisas em momentos diferentes que meio que mostram como eu funciono, "Eu me apaixono muito fácil pelas pessoas" e "Eu saro rápido". Da mesma maneira que eu gosto muito rápido eu deixo de gostar com alguma facilidade.

Fora que isso também age muito no lado sexual. As coisas parecem não mais me dar tesão algum, como se tudo fosse óbvio, calculado matematicalmente, preciso, como uma música eletronica, onde você pode enxergar os números das suas sequências. Como se empolgar com isso? Como não achar esperado e não pensar no que se vai comer depois, ou no que está passando na televisão?

De qualquer maneira, Harry e Ginny me fizeram perceber que eu perdi a magia e as coisas passaram a ser só como elas são. Como vai ser chegar em casa, deitar na cama e não ter mais um riso bobo na cara?