quinta-feira, outubro 31, 2002

Realismo Fantástico.

Assisti ontem ao último filme do Linch a chegar em
video. Gostei muito ( como acontece com quase todos os filmes do Linch).
A crítica tinha batido um pouco no filme, falando que era
um filme que te fazia pensar, te fazia tentar achar uma solução,
que no final, não existia.
O que eu não achei não. Se pensar com calma a solução para
a compreensão do filme existe.( qualquer coisa, estamos ai no icq
para discussões)


De qualquer forma, o filme me fez lembrar um pouco de um conto
que escrevi faz um 5 anos. Vou postá-lo, mas peço que sejam
bonzinhos, faz muito tempo que eu escrevi =D

Sentir

Sol, grande e alaranjado, surge por trás da praça. O céu, começa a tomar cores tênues, uma variação de rosa e amarelo, os primeiros gorjeares do dia são ouvidos, pássaros de todas as cores, desde de os mais comuns, pequenos com a barriga amarela, até os mais raros, como a bela coruja, noctívaga, que voa rasante, distante, cruzam os céus. Passos se arrastam pela praça, cansados, acabados. Roupas velhas, alternando com calças sociais, não havia conseguido dormir. Vozes e barulhos cruzaram sua casa, sua mente, enquanto a noite passava. Relutou em voltar para cá, pois sabia que nada havia mudado e cenas como espancamentos, torturas e abusos não o deixariam respirar, quanto mais dormir. Seu pai estava morto, sobrara apenas ele e deveria agora exorcizar os demônios, tinha de limpar a casa. Sua mente flui, esvazia, respira bem fundo, estala as costas, senta-se. O banco ainda molhado pelo sereno, umedece suas roupas.
Não se agüenta acordado, seus olhos fecham-se pesadamente, em um grande estrondo... A porta da sala cai. Ele e sua irmã assistem televisão, seu pai bêbado, molhado, olha com raiva para as pequenas crianças: “Já disse que não quero ver vocês assistindo tevê no meio da tarde...”, sua irmã, mais esperta, toma a frente: ”Foi ele quem ligou...”. O pai investe com fúria contra a irmã: “O pior de todos é o dedo duro, eu já avisei”, e com violência tira a calça de sua filha, e virando-a de frente, tira a sua também. A dor e o ódio nos olhos de sua irmã, só não eram piores que o prazer que residia dentro dos seus... A raiva nos olhos de sua irmã o transporta de volta para o belo dia que já nasceu. Havia perdido a noção do tempo. Pessoas curiosas passavam ali perto, esticando seus pescoços para tentar ver o que tão estranha figura fazia a dormir com aqueles trajes, sentado em um banco, no meio da praça.
Levantou-se e pôs-se a andar, ainda tonto, tropeçando sobre os próprios pés, chovia, um relâmpago corta o céu, seus amigos o apoiam sobre os ombros, tinha, então, seus dezessete anos. Seu pai havia saído, procurava um caixão para sua mãe, que agora repousa sobre a fria mesa do porão. Entra pela porta, que por três anos ficou sem conserto. Descem. O mais velho deles abre a porta do armário do porão e pega as estranhas roupas pretas. Vestem-se. Rápido, toma a frente e pega o livro. Seus amigos se reúnem entorno do cadáver, estático, cru. Sobe sobre um pequeno banquinho e começa a recitar as palavras que lia. O coro feito por seus amigos o segue, a luz começa a perder sua intensidade, ficando cada vez mais fraca, o vento preenche o aposento, criando um anel, que cada vez fica mais apertado, o corpo parece flutuar, o barulho da porta do porão abrindo, lá no topo da escada estava sua irmã parada, a luz da cozinha atrás, luz forte, luz que cega, não deveria ter olhado tão diretamente para o sol.
Anda agora com os olhos fechados, não via nada com eles abertos também. Com alguma dificuldade desvia das árvores no caminho, mas acaba acertando sua cabeça em uma. Abre seus olhos, o sangue escorre de sua testa para o chão. Seu pai havia tentado maltratá-lo como fazia com sua irmã, mas revidara, acertando um soco em sua boca. Seu pai, furioso, devolveu com um tapa que o fez girar e acertar sua cabeça na quina da pia. Seu pai saiu pela porta deixando sangrando no chão. Seus olhos já haviam se recuperado. O sol já marcava meio dia, avistava, ao longe, sua casa, o grande portão verde, dali, parecia tão pequeno, sua irmã correndo, desesperada, sem saber como fugir, perseguida. Seu pai segurava uma faca na mão, dizia que não havia motivo para correr já que de qualquer forma a alcançaria e que ninguém da vizinhança iria ajudá-la. Ela se demora com as chaves. Chega por trás, cara de terror de sua irmã, os olhos azuis dela contrastando com o vermelho da fúria de seu pai, do sangue, do cansaço, e em seus olhos apenas paz e o marrom, como o rouxinol que raspa perto de sua cabeça num belo rasante.
Para em frente ao grandioso portão verde. Havia nele manchas vermelhas, agora escurecidas pelo tempo, que nunca quiseram sair. Marcadas nelas, cenas, turbilhão por entre pensamentos, memórias, cenas como ocorreram, será? Comichão. É ele sem as calças com seu pai, sua irmã observa, gargalha através de seus olhos, é ele na escada do porão, com a luz fosca por trás, é ele olhando da janela sua irmã correndo com as mãos cheias de sangue, é ele contra o portão, com seu pai investindo duramente contra ele. Ela, com as roupas meio umedecidas e surradas pela péssima noite, abre os belos olhos azuis, levanta-se e enquanto coloca óculos escuros, escondendo-os, sorri. Chega de sentir.



ps. re-postei este conto, pois quando fui rele-lo achei um pouco difícil a compreensão de alguns eventos, uma vez que o havia escrito com a idéia de ser um conto mais visual, quase como um curta.
Amor, o bizarro amor

Um amontoado de sentimentos.
Igual a ingerir grandes quantidades de chocolate.

Invés de nos alegrarmos por apenas amar, ficamos
tristes e nos sentimos impotentes só por não podermos
ter nosso amor correspondido, o mesmo, ter quem amamos.

Sem perceber que isso nos faz menos interessante para
a pessoa que amamos, o que a torna ainda mais distante,
o que nos deixa mais triste, e assim por diante.

As vezes estamos com quem amamos e uma situação
externa faz com que essa pessoa não pareça mais querer
estar tão junto da gente, fazendo que nos apeguemos mais
a ela, tentando segura-la com toda a nossa força para que ela
veja o quanto podemos ser felizes.

Não percebemos que com isso, muitas vezes, que a sufocamos,
ou nos tornamos pedantes, chatos, óbvios, fazendo com que cada
vez mais ela queria escapar.

ah, o amor! O bizarro amor.
Coisas da Tevê

Assistindo tevê antes de ontem eu vi duas coisas muito legais
para se fazer.

A primeira é o Flowriding. A idéia é
a seguinte: Uma espécie de Half-pipe com muita água e 4 motores
muito fortes que fazem o half ficar parecendo um grande onda.
Entra então você com uma prancha de qualquer tipo e tenta fazer
manobras ( ou ficar de pé nisso). Pareceu muito loko.

A segunda foi no programa da Monique Evans, o Noite a fora.
Ela passou uma matéria sobre um motel ( não sei o nome nem onde, boooooa).
Na matéria ela mostrou duas suítes. Uma era toda elegante, com uma cama
feita dentro de um piano, um chuveiro daqueles que mandam água em
todas as direções, massageando e seu corpo e coisas assim.
O outro era foda. A maioria dos móveis e paredes feitos com bambu.
Uma parede com bambu e vidro muito linda. Mas o especial eram as brincadeiras.
No banheiro, ao lado do papel higiênico e preso a parede, uma espécie de
game boy, para você se divertir enquanto esta lá, fazendo o que a natureza
manda. Um computador ligado a internet na sala. Uma banheira com hidro.
Uma piscina com um tobogã muito loko. E, para fechar, duas camas.
Era quase a casa que eu gostaria de ter ( hehehe). Acho que o legal desta
suíte é ir de galera. Quem topa?
=P
Dinheiro e suas devidas Cagadas

Estou lendo 3 livros atualmente.
O do Hawking ( Universo na casca de uma noz), um outro
que faz uma análise de símbolos e mitos no filme Silêncio dos Inocentes e um
último que eu estava achando o piorzinho. Terror contra o estado nacional.
O livro tratava dos assuntos deixados de lado, ou escondidos, ou mesmo
esquecidos, ligados aos atentados de 11 de setembro.
Tá, nada de muito bom, certo? Paranóia, talvez?
Pode até ser, mas comecei a pegar gosto pelo livro pelo o que eu
contar a seguir.

Em 1929, ocorreu a quebra da bolsa de NY, o que acarretou
uma série de eventos econômicos, causando quebras, perdas
de quantias impensadas. Caos econômico sem escalas.
Em 1932/33 assume nos EUa o presidente Roosevelt com o
New deal. Os duros ataques de Roosevelt aos banqueiros
de Wall Street pareciam estar de acordo com as diretrizes que o
economista alemão Dr. Wilhelm Lautenbach vinha propondo
ao governo do chanceler Kurt von Schleicher, o que aproximava
uma aliança entre americanos e alemães.

Com medo que fosse rompida a relação especial entre os ingleses
e os americanos, a Inglaterra com ajuda do "mago das finanças"
alemão e futuro ministro nazista Hjalmar Schacht, desestablizaram
e derrubaram o governo von Schleicher, ao mesmo tempo em que
fortaleciam o Partido nazista, que andava desacreditado depois da
derrota nas eleições. Desta forma Adolf Hitler pode chegar ao poder
em janeiro de 1933.

Bom, o resto é história.

Fiqui com medo, achei que ia sair a Delirio, ou o Destruição, ou até mesmo o Destino, mas não esperava este resultado... até que tem um pouco a ver.

I'm Death!
Which Member of the Endless Are You?

terça-feira, outubro 29, 2002

Dias Estranhos

Final de semana bom. Baladas, cinema, muita comida,
mais baladas e até mesmo tempo para RPG, ler e ver um
videozinho.

O Abril Despedaçado é bom.
Ainda preferi o Invasor, mas
isso não tira os méritos do Abril.

O Walter Sales continua dirigindo bem os atores mirins,
gostei muito da atuação do "Pacú". E desta vez, apesar
de ser uma região muito parecida com o doCentral,
ele soube ousar mais na camera e teve muita felicidade
na cor das cenas.

No sábado eu fui na Liberdade com um pessoal e de noite
teve a segunda "Oktober Fest" da Turma do Poker.
Foi um dia muito estranho. Primeiro porque de manhã eu
não queria muito sair da cama, mas me forcei a tal, pela
oportunidade de ver o pessoal e, principalmente, pelo
Yakisoba.

Talvez pelo fato de ter me forçado a ir, eu tenha decidido
virar um mala, que no fundo era mais para engraçado mesmo.
Voltei para casa, dormi duas horinhas e fui para a festa,
onde apesar de conhecer quase todo mundo, me senti meio
perdido. Não sabia com quem conversar, não tinha o que
conversar e as pessoas que eu queria conversar pareciam
sempre ocupadas.

Não sei, acho que talvez tivesse sido um bom dia para ficar
em casa.

Tinha outras coisas boas para postar hoje, mas tenho
sono e vai ficar para amanhã


Bom sonhos e que vocês tenham mais sorte com
Lord Morpheus do que eu tenho tido.