quarta-feira, junho 01, 2005

Conta Comigo



"It happens sometimes.
Friends come in and out of our lives
like busboys in a restaurant."



Eu acordei e de repente eu tinha vinte e quatro anos. O amadurecimento havia passado por como um caminhão em estrada perfeita, sem deixar rastros. Sou um garoto quase adulto, sou um adulto que é uma criança. E esqueçam a parte boa da imaginação fértil e espirito livre e pensem em todo o lado triste da falta de responsabilidade, da falta de prioridades, de agir e se sentir como um moleque. Não sei como isso ocorreu, como pude deixar a vida passar por mim, ano após ano, sem me dizer nada, sem ser apenas uma sequência de dias. Mas o que eu reparei é que não sou o único. Vejo isso de perto em muitos amigos meus, vejo isso em filmes, retratando a minha geração. O que pode ter ocorrido? A hipotese que me vem a cabeça é que talvez Darwin estivesse certo, talvez devessem viver apenas os mais aptos e com a sociedade humana isso não possa ocorrer. A proteção dos pais que esperam que não aconteça com os filhos o que aconteceu com eles acaba não deixando a vida bater neles, moldá-los, prepara-los, cobra-los. Mas a vida sempre dá um jeito de cobrar.

Mas este post é sobre amigos e sobre a amizade. Quem tem amigos imagina que nunca vai estar só, nunca vai se sentir solitário, mas acaba se sentindo. Não por culpa deles, ou sua, não por culpa de ninguém. Mas sim porque a vida é uma experiência solitária. Nós estamos perpétuamente confinados dentro desta nossa caixa esquelética que chamamos de crânio. Mas as coisas complicam mesmo quando olhamos para o lado e não há ninguém em que possamos confiar, ou ninguém em que se queira confiar. Isto eu não tive muito problema, sempre tive grupos e grupos de amigos, sempre por perto, sempre fazendo coisas. Mas a vida, muitas vezes citada neste post, veio e apesar de muito não termos sentido esse tempo que passou, todo o resto sentiu, tudo o que estava a volta sentiu, e acabou nos levando junto.

"I never had any friends later on
like the ones I had when I was twelve.
Jesus, does anyone? "

Quando não se espera nada da vida, e vida é algo tão longe e distante, e tudo parece um grande desafio, é quando são forjadas as grandes amizades, é talvez, quando as únicas amizades existem. Dar a vida um pelo outro, enfrentar o mundo. Depois, de uma maneira ou de outra, você vai sendo treinado a pensar mais em você, vai começando a duvidar das amizades, a pensar duas vezes. E com um tempo, como se passassem numa espécie de triagem, sobram apenas uns poucos e os grandes grupos de amigos vão se tornando pequenas rodinhas de bons amigos.

-x-x-x-x

Clássico da sessão da tarde e dos anos 80, o filme "Stand by me", que em português ficou sendo conhecido como "Conta comigo" é razoavelmente diferente de outros filmes do mesmo estilo desta época. O filme tem provavelmente o maior número de palavrões e outras coisas pesadas que qualquer outro filme para este público que eu já vi. Contem também uma série de situações complicadas e momentos sentimentais extremamente leves e bem conduzidos, que podem levar a nós nas gargantas. O diretor Rob Reiner se tornou extremamente competente nesta área de filmes que parecem ser simples e bobos, mas que são carregados de situações complexas, sentimentos e relações.

Duas conversas do filme para mostrar um pouco da linguagem utilizada:

1)
Gordie: Shut up! (Calem a boca!)
Vern, Chris, Teddy: I don't shut up, I grow up, and when I look at you, I throw up. (Eu não calo a boca. Eu cresço e quando olho para você eu vomito - deve ser alguma resposta básica)
Gordie: And then your mother goes around the corner and she licks it up. ( E então sua mãe dá a volta no quarteirão e lambe tudo)
The Writer: [voiceover] Finding new and preferably disgusting ways to degrade a friend's mother was always held in high regard. (Achar novas e, preferivelmente, nojentas maneiras de degradar a mãe dos amigos era sempre altamente estimadas)

2)
Teddy: You call my dad a looney again, I'll kill you.(Se você chamar meu pai de louco de novo, eu te mato)

Milo: Looney, looney, looney. (Louco, Louco, Louco)
Teddy: Aah! I'm gonna rip your head off and shit down your throat! (Aah! Eu vou arrancar sua cabeça fora e cagar na sua garganta!)

E umas poucas curiosidades sobre os quatro meninos principais:

Teddy era interpretado por Corey Feldman. Ator que participou de uma série de filmes fodões dos anos 80 como Gremlins, Goonies, o própio Conta Comigo, Garotos Perdidos e ainda fez a voz de Donatello nos filmes das tartarugas ninjas. Reza a lenda que ele foi um dos melhores amigos do Michael Jackson quando tinha 13 anos. Desde de as Tartarugas Ninjas que ele não faz um filme minimamente conhecido.

Gordie era interpretado por Wil Weaton. Ele era o menino que narrava a história e que depois se tornava escritor. Os trekkers vão reconhecer ele como o garoto mais chato da galáxia Wesley Crusher.

River Phoenix interpretava o loirinho mais durão Chris. Estrela mirim, interpretou o Indiana Jones jovem no terceiro filme da série. Morreu aos vinte e três anos.

E o último, mas não menos surpreendente, o gordinho do grupo Vern era interpretado por Jerry O´Connell, o ator principal da série Sliders.

Além dos quatro o filme ainda conta com John Cusack como o irmão mais velho de Gordie, Danny. Richard Dreyfuss como o narrador/escritor do final do filme e Kiefer Sutherland como Ace, o bad boy.

segunda-feira, maio 30, 2005

"Look through the soft gelatin of these dull cow eyes and see your enemy!"

Neste exato momento eu deveria estar fazendo pelo menos duas outras coisas em ordem de importancia. Como podem notar, eu não estou. Este é o meu pior. E eu não consigo vencer isso. Faço apenas o que parece que é mais legal, mais divertido e não sigo as coisas como deveriam ser feitas. Eu inimigo de mim mesmo. E enquanto as pessoas se levantam, vencem a vontade continuar dormindo na cama quentinha, saem para o trabalho, vencendo a vontade continuar em casa assistindo tv ou qualquer outra coisa, isto é, enquanto as pessoas vencem a vontades mais óbvias e tocam o barco de suas vidas, eu continuo dormindo, ou escrevendo posts ou vendo televisão ou saindo para lugares legais e não sigo a ordem natural da vida.

"Maybe you knew from early on your track was from point A to B,
but unlike you I was not given a fucking map at birth, so I tried it all!"



Mas quem pode dizer que eu estou errado? Quem sabe claramente o que temos de fazer nesta zica de vida? Eu digo vamos nos divertir e aproveitar o máximo. Não vamos nos limitar, não vamos medir e julgar. Vamos fazer, vamos criar. Não pode existir apenas um caminho a ser seguido nesta vida, não devemos todos fazer o que os outros fazem, o que nossos pais fizeram. Se deu certo para eles, necessariamente não pricisa dar certo para a gente. O problema tem sido encontrar esse outro caminho.


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Citações: Matrix revolutions . Chasing amy

Filmes que vi: feriado de filmes de ação: Maratona Matrix . Refém . Sahara

Esta semana: A vida marinha de Steve Zissou . O guia do mochileiro das galáxias
Alguem quer ir? =P