terça-feira, junho 28, 2005

There is no spoon

Observer: Questions are a burden to others.
Answers are prison for oneself.




Akira é um anime (animações japonesas) dos mais conhecidos por todo o mundo. Ele data de 1988 e para os que viram na época, ou pouco tempo depois, sem ter contato com livros e filmes mais atuais, ele representou uma revolução. Lembro-me que todos os meus amigos adoravam (no sentido de adorar um Deus) “Akira” e que todos diziam que eu tinha, porque tinha de ver. Claro, no auge do eu-sou-do-contra, vi o filme com aqueles olhos extremamente críticos. No final disse que havia gostado, mas que não era nada demais e começaram as discussões. Com o tempo e com um pouco mais de maturidade (não muito mais), eu pude ir notando o que havia de muito bom por trás daquela história de aventura sci-fi (toda esta introdução foi apenas para falar de um pedaço do filme só. Sim, eu adoro enrolar). No final do filme eles comentam sobre o fato de que cada átomo que faz parte do seu corpo, já fez parte de tantas e tantas outras coisas. Como cada um deles já foi um átomo diferente, mudaram e agora fazem parte de você, e como tudo tem tanto potencial.




Morpheus: If real is what you can feel,
smell, taste and see, then 'real' is simply
electrical signals interpreted by your brain



Numa conversa há pouco tempo com meu pai falávamos sobre como estávamos presos em nossas cabeças e em nossos corpos. Eu disse a ele que logo mais nós ultrapassaríamos esta barreira, quando a biotecnologia chegasse num ponto em que poderíamos nos conectar a qualquer aparato e deixar nossa consciencia ali, seríamos mainframes ambulantes. E ele me respondeu que isto seria apenas conseguir novas prisões, novos invólucros e que a única maneira para fugir disto seria transcender, virar pura energia, ser e não pensar e que talvez isso possa ser alcançado depois de morto, ou não. Passei a pensar o quanto estamos fechados dentro dos nossos próprios cérebros, o quanto o mundo que eu vejo, sinto, cheiro, ouço e entendo é só meu e que ele vai morrer quando eu morrer e levar tudo que eu vi, conheci, e etc... embora com ele. Como diria a música 'It's all in your head,' and I said, 'So's it´s everything'.



Esse tipo de pensamento também me faz sempre pensar na fé. O mundo que entendemos e conhecemos vive em nossas cabeças apenas, então deveríamos conseguir mudá-lo e fazer coisas incríveis com ele, apenas por acreditar que isso aconteceria. Não seriam estes então os milagres? Você tem tanta fé de que alguém maior virá e te salvará da situação que enfrenta. Você acredita tanto que isto aconteceria, que acontece. Hipoteses, hipoteses. Apenas isso e pensamentos disconexos, para variar.



Morpheus: Have you ever had a dream, Neo,
that you were so sure was real? What if you
were unable to wake from that dream?
How would you know the difference
between the dream world and the real world?


Walenski: I've been trying to remember things,
CLEARLY remember things, from my past,
but the more I try to think back, the more it all
starts to unravel. None of it seems real. It's like
I've just been dreaming this life, and when
I finally wake up, I'll be somebody else.
Somebody totally different!




O quanto um sonho é diferente da realidade? As coisas passam em tempos diferentes, você sente de maneiras diferentes, mas não seria apenas novas regras para uma outra dimensão? Se a vida acordada passasse da mesma maneira que mudamos de lugar, ou fazemos coisas incriveis, ou saltamos de um momento para o outro nos sonhos, nós acharíamos tudo isso normal e diríamos “A vida é assim mesmo...”, por que então os sonhos não podem ser parte da nossa vida, eles são apenas sonhos? Da mesma maneira que a vida acordada é apenas vista e analisada, processada, por nosso cérebro, o sonho é visto, analisado e processado por nosso cérebro. Como dito antes, estamos presos em nossa pequena caixinha. E se nós nunca saíssemos do lugar corporeamente e, assim como nos sonhos, nossos cérebros apenas processasse as situações e encontros? Um sonho vivido por todos.



Pinball Playing Man: There's only one instant,
and it's right now. And it's eternity.


Conforme eu fui crescendo, fui tendo todo o tipo de conversas interessantes com meus pais. Ambos acreditam e sabem muito sobre coisas que eu sou altamente cético. De qualquer maneira, uma frase que minha mãe me disse uma vez e que me de alguma maneira me marcou até hoje foi: “Foi o homem que inventou o tempo”. Em um determinado momento do filme Waking Life, eles comentam sobre um escritor que eu gosto muito chamado Philip K. Dick. Eles contam que em um dos livros pelo qual ele ganhou muitos prêmios, os personagens principais eram um casal e um policial que traia com a mulher deste casal. Numa festa em que o Philip foi, ele conversou com uma menina que tinha o mesmo nome da personagem do livro, que era casada com um cara de mesmo nome do livro. Ficou espantado e contou a coisa toda pra ela dizendo que agora só faltava ela também ter um caso com um policial de nome tal, e ela boquiaberta disse “Mas eu tenho”. Ele saiu atordoado do lugar e chegando no carro dele, percebeu um sujeito próximo. Disse que normalmente não teria ido até o carro por medo, mas naquele dia ele foi. O sujeito o abordou e disse que seu carro tinha ficado sem gasolina e para piorar ele não tinha dinheiro para comprar mais. O Philip lhe deu o dinheiro e foi embora. Chegando em casa, percebeu que o cara talvez não tivesse como ir buscar a gasolina. Voltou para o mesmo lugar e o levou até o posto. Quando finalmente retornou para casa, o senhor Dick percebeu que aquilo também estava em seu livro. Atordoado foi procurar um padre e contou-lhe o ocorrido. O padre ficou chocado ao ouvir a história e disse que o que o Philip K. Dick havia escrito no livro estava na verdade escrito na bíblia. Philip quase enlouqueceu. Passado algum tempo ele chegou a conclusão que havia apenas um tempo e tudo acontecia ao mesmo tempo, agora. De alguma maneira, pensou, ele havia conseguido enxergar através do véu que escondia os diferentes momentos históricos e havia colocado isso no livro.



Philosophy Professor: In short,
I think the message here is that
we should never write ourselves off
or see eachother as a victim of various forces.
It's always our descision who we are.


O que eu queria com todo este post enorme e perdido era levantar questões e hipóteses assás pertinentes (não resisti colocar o pertinentes e não colocar o assás, maldito rock gol!!!), não sobre o motivo pelo qual estamos aqui, mas sim sobre se estamos realmente aqui, e o que é aqui. Pensando que pode não haver o tempo, nem mesmo o espaço e que nós somos formados por átomos que fizeram parte de todas as outras coisas do universo e que já foram todos parte do mesma coisa inicial, onde diabos nós estamos e o que esperam da gente aqui?



Man with the Long Hair: They say
that dreams are only real as long as
they last. Couldn't you say
the same thing about life?


Morpheus: Welcome to the real world.



Citações: Matrix * Fiona Apple´s Paper bag * The Prisioner * Waking Life * Dark City