sábado, março 08, 2003

M a z 3

Num único clique, perdi tudo o que havia escrito.
A introdução, lugar onde contava o que me preocupava,
foi perdido, metade de meus pensamentos foram escoados
por um ralo eletrônico, e as pequenas letras que formavam
suas palavras, derretidas entre bites e chips.
Minha preocupação reside na recente perda de memória que
me ocorreu, já recuperada, acredito. Além disso, me preocupa
a minha falta de paciência. Não com tudo, mas, principalmente,
com as pessoas.

Penso, que talvez, livre encadeando meus pensamentos, possa
contornar problemas vindouros.

Vejamos:


"Possibilidades: Jogar counter. Ir numa balada. Encontrar com a Rita.
Ir em uma outra balada. Encontrar com pessoas. Ficar em casa. Ver
a corrida com meu pai. Jogar video game. Qual escolher? Por que as
atividades relacionadas a menor quantidade de pessoas possíveis me
atraem mais? Por que o cs parece ser a que eu pretendo escolher?
Jogando counter nada é esperado de mim. Nenhum comentário. Nenhuma
boa piada. Nenhum bom comportamento. Nada Quando ponho os fones
o mundo e todo seu barulho ensurdecedor some, apaga-se, e resta
apenas eu mesmo, e minha enfadonha mente. Nenhuma expectativa.
Nada. Quando seus objetivos acabam, pode-se comprar outros? Ou
segue-se com o fluxo da vida, torcendo para seu barco não virar, e quem
sabe, assim, as pessoas esqueçam de você, e, talvez assim, o universo
esqueça-se de você, podendo assim, apenas se juntar, lento, as coisas
que apenas são e sumir, como o sonho esvanece no momento em que acordamos.
E se o seu objetivo for muito grande? Como o mundo, como esperar que
os dias passem, e os anos passem, e os séculos passem, e você continue
lá, apenas esperando para que tudo faça sentido? E se para se chegar onde
imagino, tiverem muitos tolos passos antes ? Pode-se encontrar potinhos
de paciência em qualquer farmácia para tal? E se o corpo e mente, cansados,
encontrarem um acordo e não quiserem mais continuar? Pode-se encontrar
na morte um descanso? Ou será que uma vez que se começa, nunca mais para?
Será que na morte encontraremos as respostas para as perguntas que a consciência
criou? Doente. Ainda doente. Agora a garganta e o nariz. Ambos sempre atuando
em uníssono ao executar os acordes da gripe. Algo tem de estar errado. O corpo
deve estar fraco.
P u Z z L e. Dançar? Não sei se estou muito no clima.
Ontem sim, mas ontem eu apenas assisti, não me movi e não assisti tudo
o que eu quis.All That JazZ. Bom filme. Boas montagens, dá vontade de dançar.
A sopa deve estar esfriando. Engraçado como criou-se uma distancia entre meu pai e eu
e minha irmã. Ele, a Elaine e as crianças comem antes. Tudo muda. As diferenças das
expectativa são o fim de um grupo. As idéias são as mesmas. As vontades são as
mesmas. Mas para cada evento, cada um espera um final diferente, uma situação
diferente, de forma que nunca exista um desenrolar perfeito, pois sempre um sairá um
pouco decepcionado. Decepções somadas. Marcas. Separações. Não mais um grupo.
' Os olhos doíam. A boca e o nariz sangravam. O corpo, caído, pesava por sobre a
neve. Recolheu as garras, e juntando a força que lhe restava disse: "Boa luta, garoto".
Os olhos foram perdendo o foco e ele mal pode ver quando Sincro virou-se e foi embora.
Estava velho, estava cansado. Fora vencido.'
Me lembro do episódio passado de
Drew Carey, onde um deles contratava um cara pelo e-bay para lhe espancar.
Será que eu poderia, realmente, colocar um anuncio destes na net? Algumas vezes
penso que deveria ser ator. Não apenas porque atuar é legal, não apenas para fugir de
mim mesmo, me refugiando em personagens, incorporando eles. Mas, principalmente,
para aprender as coisas, podendo me dedicar somente ao aprendizado delas.
Se fosse me matar, acho que pularia de um prédio, ou melhor, de um avião. Sky surf
até o chão?
Down with the sickness"


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Dia 3
Sem nenhum sinal dela, durante o dia todo, fui dormir.
Acordei com mais seis pontinhos vermelhos, pelo
braço.


sexta-feira, março 07, 2003