Efêmero.
Preferimos esperança à experiência.
Bilhões de pessoas. Bilhões. Tudo o que você vive e faz, multiplicado por seis bilhões ou mais. Mesmo assim, tudo na sua vida é centrado em você. Você não pode dar o braço a torcer, você tem de ganhar dinheiro, você quer tal blusa, tal jogo, você quer ganhar, você quer beijar, você quer fazer sexo, você quer vencer, você quer descobrir o porquê de estarmos aqui, você quer. E por que não haveria de ser assim? Quem importa mais na sua vida do que você? Mas você quer contribuir para o mundo ou se dar bem? Quer os dois? Ou nenhum?
“Snap back to reality.”
Tudo passa tão rápido. É um sobre o outro, numa montanha de corpos. A sua vitória hoje já vai ser esquecida amanha pela vitória de outro. O seu primeiro amor é apagado pelo amor seguinte, até que você não se lembre muito bem do que aconteceu durante o primeiro, até que você se confunda entre um e outro, e que isso nem mesmo venha a lhe importar tanto. Aquele boato que espalharam de você e que tanto lhe deixou chateado fica pra trás e você nem se lembra dele quando alguém o comenta anos depois. O que te marca? O que fica e o que é deixado pra trás?
“The soft dive of oblivion”.
Cada vez as pessoas parecem viver sem se preocupar com o que vão fazer, com os caminhos que vão tomar, vivendo apenas os momentos. Vivemos como se, mais cedo ou mais tarde, iremos fazer aquela coisa certa que vai nos mostrar todos os motivos pelos quais estamos na Terra. Aquela coisa que vai abrir a grande porta detentora das respostas para os grandes mistérios. Mas isso não vai acontecer, jogamos(?) um jogo do qual não sabemos as regras, nem os objetivos, nem mesmo se podemos vencer ou se há um vencedor.
“But I didn’t mind at all”
Enquanto isso, seguimos em frente sem nos importarmos. Deixando transparecer que evitamos tudo que cause problemas, que fugimos deles enfrentando-os cada vez menos, afinal, se temos tão pouco tempo, para que passar por ele enfrentando problemas? Mas isso também vem das nossas primeiras tentativas, de quando pensávamos que tudo poderia ser perfeito e funcionar.
“We kept this hat of broken dreams
And we pulled them out, when we needed them around”
Mas nem mesmo percebendo que a vida não é como nossos sonhos, nem mesmo notando que as relações estão fadadas a terem seu fim, nós deixamos de tentar, sempre esperando que desta vez, desta vez vai dar certo, está é a pessoa que procurava, apenas para momentos (porque numa vida inteira, isto acaba por parecer apenas alguns momentos) depois já estar à procura de novo.
“A gente tem que dar um jeito de gostar de alguma coisa.
A gente tem que dar um jeito... de ficar satisfeito!
(...) Qualquer experiência que altere o estado de consciência.
E que te dê a sensação de que você não ta perdido.
Que alguém te dá ouvidos.
Que a vida faz sentido!”
Há quem ache que se deve conseguir a maior quantidade de conhecimento, como se em algum momento, com todo o conhecimento adquirido vá conseguir chegar a uma solução para a vida. Há quem prefira procurar a sua cara metade, sua alma gêmea e passa a ter sua vida voltada apenas para uma pessoa. Há quem prefira se dedicar a um esporte, a um jogo. Em ser bom em algo. Há quem encontre no dinheiro e posses algum alívio. Há aqueles que desistem, que querem apenas viver, aproveitar. Há os que procuram algum sentido em experiências esotéricas, extraterrenas, ou em qualquer coisa que altere o estado de consciência. Mas o conhecimento nunca é suficiente e vai se nublando com o tempo, mas os amores continuam a acabar, mas o corpo não agüenta para sempre, mas o dinheiro acaba, mas as portas para novas dimensões não se abrem, mas os extraterrestres nunca ficam por muito tempo, mas os neurônios acabam. E o vazio volta, e volta a se querer mais de novo, a ir atrás de dinheiro, de amor, de drogas, de vitórias, de conhecimento...
“A esperança vence a experiência”.
A vida passa a ser uma sucessão de momentos, você acaba de viver um e já esta no meio do outro, não há tempo para desfrutar, não há tempo para medir, considerar. Perde-se o peso das coisas. Cada vez se faz mais e se aproveita menos, compreende menos. São 8:30 agora, você ainda não dormiu e, as duas, você já tem aula. E quando parar? E quando respirar? E se você fosse resolver dar um tempo e a sua oportunidade lhe passar.
“Look, if you had one shot, one opportunity
To seize everything you ever wanted-In,
One moment,
Would you capture it or just let it slip?”
E então fecham-se as cortinas. O show acabou. Você foi um bilionário filantropo. Você foi um Zé ninguém que se perdeu nas drogas, só mais um número. E ai? Qual foi a diferença pra vida de cada um deles quando ela se acabou. O quanto cada um deles mudou no mundo? Quantas pessoas cada um deles tocou? Quantas delas foram ajudadas? Quantas foram fodidas? O pano negro os cobriu e deles nada sobrou, deste ponto em diante é tudo metafísica, é tudo suposição. O que você faz importa, ou somos todos efêmeros?
“How's it going to be”.
ps. Ia postar uns micro contos antes deste post, mas preferi deixar para depois.
Quem sabe eu não faço um blog de contos apenas?
Bom, os dois blogs dos irmãos Ronald entram de férias agora. No lugar desse blog
começará o Blog do Homem-Analogia e no lugar do Real Ronald o blog do
Do contra. Daqui alguns meses eles voltam de férias =)
quinta-feira, agosto 14, 2003
Pan-Americanos
Superação e decepção
Uma coisa que sempre me emociona muito são as grandes competições,
desde mundiais, até pan-americanos e olimpíadas. Não só porque eu amo
o meu país, não só porque eu sei que eu poderia estar lá disputando, mas
principalmente porque eu acho muito foda a superação dos atletas, principalmente
num país que praticamente não dá apoio para os esportes que não forem
o futebol.
Está acontecendo agora o Pan-americano em Santo Domingo, na República
Dominicana. A maioria já deve estar a par do evento, mas muito poucos vão
lembrar que a primeira medalha brasileira na competição veio no tiro, categoria
fossa Olímpica. Foi uma medalha de prata, uma conquista que representa muito
menos do que deveria. Na classificação para esta medalha o brasileiro havia acertado
124 pratos em 125. Vencia com folga de dois pratos na final, quando errou 4 e
perdeu o ouro para o americano. O que menos pessoas devem saber é que esse
brasileiro que errara apenas um prato na fase classificatória é um dentista(!) e
apenas treina nas vésperas das competições, enquanto, o campeão da prova deve
treinar todos os dias, perto de seis horas por dia e ainda ganhar mais que ele como
dentista para tal. Quando ouvi o relato dele eu fiquei meio estranho, num misto
de felicidade e tristeza indescritível.
Hoje, o time campeão da liga de vôlei perdeu para uma desconhecida seleção da Venezuela.
Méritos, claro, a seleção venezuelana, que jogou um voleibol impecável, mas
a nossa seleção não apresentou nem metade do que sabe jogar. Mais um pan se foi para eles
e o volei continua num jejum de 20 anos sem ganhar em pan-americanos.
Uma raiva me toma nessas situações, a mesma que me toma quando assisto aos jogos do
Guga atualmente, porque parece que os poucos que recebem os melhores apoios no
país não dão tudo de si, enquanto sobra garra e superação para todos os outros que são
semi profissionais ou fazem do esporte um hobby.
A seleção masculina e feminina de Handebol levaram ouro. Alguém já viu a liga nacional de
Handebol? A maioria dos jogadores da seleção estão na faculdade e recebem um auxilio para
conseguirem morar onde estão os times. O beisebol é um esporte praticamente desconhecido
no país e mesmo assim temos representantes que lutaram no pan. A natação, o pólo, o nado
sincronizado, os saltos ornamentais, a ginástica rítmica(que vem crescendo muito, a ginástica olímpica
apresentaram um crescimento incrível nesse pan. O Fininho, argentino de nascimento, naturalizado,
jogou uma grande partida com o chileno Rios, mostrando ter muito mais amor ao país do que
uma grande maioria. O Iatismo, que é um esporte tão pouco popular no país, trouxe 3 de ouro
e uma de prata. Atletismo, ainda se superando. Boxe, judô, Caratê.
É muito bonito ver as pessoas dando tudo de si, num país que apóia tão pouco os esportes.
Esporte é superação, e o ser humano se superando, emociona.
ps. Fiquei com vontade de falar também sobre outros esportes, e falar mais.
Ocorreu-me, também, de falar sobre a formação dos povos na América, mas esse
fica pra outro post hehehe
Superação e decepção
Uma coisa que sempre me emociona muito são as grandes competições,
desde mundiais, até pan-americanos e olimpíadas. Não só porque eu amo
o meu país, não só porque eu sei que eu poderia estar lá disputando, mas
principalmente porque eu acho muito foda a superação dos atletas, principalmente
num país que praticamente não dá apoio para os esportes que não forem
o futebol.
Está acontecendo agora o Pan-americano em Santo Domingo, na República
Dominicana. A maioria já deve estar a par do evento, mas muito poucos vão
lembrar que a primeira medalha brasileira na competição veio no tiro, categoria
fossa Olímpica. Foi uma medalha de prata, uma conquista que representa muito
menos do que deveria. Na classificação para esta medalha o brasileiro havia acertado
124 pratos em 125. Vencia com folga de dois pratos na final, quando errou 4 e
perdeu o ouro para o americano. O que menos pessoas devem saber é que esse
brasileiro que errara apenas um prato na fase classificatória é um dentista(!) e
apenas treina nas vésperas das competições, enquanto, o campeão da prova deve
treinar todos os dias, perto de seis horas por dia e ainda ganhar mais que ele como
dentista para tal. Quando ouvi o relato dele eu fiquei meio estranho, num misto
de felicidade e tristeza indescritível.
Hoje, o time campeão da liga de vôlei perdeu para uma desconhecida seleção da Venezuela.
Méritos, claro, a seleção venezuelana, que jogou um voleibol impecável, mas
a nossa seleção não apresentou nem metade do que sabe jogar. Mais um pan se foi para eles
e o volei continua num jejum de 20 anos sem ganhar em pan-americanos.
Uma raiva me toma nessas situações, a mesma que me toma quando assisto aos jogos do
Guga atualmente, porque parece que os poucos que recebem os melhores apoios no
país não dão tudo de si, enquanto sobra garra e superação para todos os outros que são
semi profissionais ou fazem do esporte um hobby.
A seleção masculina e feminina de Handebol levaram ouro. Alguém já viu a liga nacional de
Handebol? A maioria dos jogadores da seleção estão na faculdade e recebem um auxilio para
conseguirem morar onde estão os times. O beisebol é um esporte praticamente desconhecido
no país e mesmo assim temos representantes que lutaram no pan. A natação, o pólo, o nado
sincronizado, os saltos ornamentais, a ginástica rítmica(que vem crescendo muito, a ginástica olímpica
apresentaram um crescimento incrível nesse pan. O Fininho, argentino de nascimento, naturalizado,
jogou uma grande partida com o chileno Rios, mostrando ter muito mais amor ao país do que
uma grande maioria. O Iatismo, que é um esporte tão pouco popular no país, trouxe 3 de ouro
e uma de prata. Atletismo, ainda se superando. Boxe, judô, Caratê.
É muito bonito ver as pessoas dando tudo de si, num país que apóia tão pouco os esportes.
Esporte é superação, e o ser humano se superando, emociona.
ps. Fiquei com vontade de falar também sobre outros esportes, e falar mais.
Ocorreu-me, também, de falar sobre a formação dos povos na América, mas esse
fica pra outro post hehehe
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