sexta-feira, fevereiro 14, 2003

Vou colocar aqui um conto. Que acabou sendo muito mais curto do que deveria
em virtude de estarem me apressando, e de eu ter algo muito bom pra fazer.
Vamos dizer que é só um esboço.


Retratos



Entre tubos de ensaio e anotações, o cientista sente um comichão atravessar seu corpo, aquele pequeno sentimento que acelera seu coração quando se está seguindo o caminho certo. Vê e analisa, vez e mais vez, anotações e experiências passadas. Não podia acreditar, mas havia descoberto a cura.
Alguns prédios para o lado, a pequena dorme o sono dos inocentes, enquanto seus pais a observam com o coração descansado. A coisa entre eles não andava muita boa e isso havia influenciado por demais a sua pequena. Mas isso foi antes, haviam conseguido dar a volta por cima de seus desentendimentos e tudo voltara a dar certo entre eles.
Na casa em frente aquele prédio, a velha fitava o céu. Preocupada com seu neto que havia sido convocado, ficava horas, todas as manhãs, esperando que o carteiro trouxesse uma carta dele e, durante as noites, mirava o céu, esperando que, talvez, seu neto os cruzasse.
No quarto dos fundos da casa da velha, estava uma jovem, deitada sobre a coberta, sonhava com sua formatura. Pensava no que faria nos dias que seguissem. Qual trabalho escolheria.
Pensava em seu rosto estampando capas e jornais, contando sobre os avanços que havia feito em seu trabalho.
No meio daquela tranqüila rua, corria um cachorro desavisado. Perseguindo seu pequeno rabo, ele girava e girava. Um zunido o surpreendeu e ele parou de girar. Seus olhos refletiram um pesado objeto prateado que descia dos céus. Cada vez mais rápido, cada vez mais próximo. Não sobrou nem mesmo um instante para o desavisado cão exprimir seu lamurioso ganido. Uma onda de calor o varreu, assim como o fez com a cidade toda, sem som algum, apenas uma cor avermelhada tomando tudo, cobrindo as casas, os prédios e as pessoas. Depois o som e com ele a devastação. Tudo veio a baixo. Todas as casas, lojas, câmaras, prefeitura, prédios pequenos ou grandes, esperanças, sonhos, nada resistiu.
E, depois disso tudo, nada mais se ouviu sobre, nada mais se leu sobre, nada mais se soube. Como se tivessem parado de ouvir sobre suas histórias, suas vontades, suas criações. Como se tivessem parado de desenhá-los. Como se tivessem parado de escrevê-los.



quarta-feira, fevereiro 12, 2003

Life is GooD!

Se te jogassem o pó de pirlimpimpim e você tivesse de pensar em algum
momento de felicidade, no que pensaria?
A primeira volta de bicicleta? A primeira vez que viu o mar?
Coisas da infância? Seus pais? Seus amigos?
Seu primeiro beijo? Seu primeiro amor? Seu primeiro cachorrinho?
Sua primeira briga, por que não? Quando você votou a conseguir gostar
de alguém?

Essa é uma coisa que eu gostei muito de perceber, quando olhamos para
trás, depois de longos períodos dos acontecimentos, lembramos mais
facilmente das coisas boas que aconteceram.
Claro que você já gostou de alguém. Claro que você já se machucou por
causa disso. Claro que você teve bons momentos com seus pais assim
como é óbvio que eles já te chatearam, te machucaram, te deixaram irritado.

É incrível a capacidade que temos em esquecer, superar, as mágoas e nos
dar novas chances. A triste noite se dissipa e o dia amanhece de novo.
Resta apenas a dúvida: Somos burros ou ainda vamos acertar?

I don't care... Life is damn good!

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"Os olhos semi-serrados acompanhavam os finos traços do rosto dela.
Seus olhos se fecharam e, por um momento, a respiração lhe faltou.
Seus lábios, grossos e mal definidos, encontraram os finos e macios lábios dela.
O chão pareceu fugir. E, de repente, todos os seus medos, todas as suas dúvidas,
todas as suas vontades, todo o seu amor, convergiram para aquele intenso encontro.
Quando os lábios cessaram sua convergência, ele sabia o que sentia, ele sabia o que fazia."